25 de maio de 2023
Shavuot é uma das festas mais antigas na cultura judaica e pode ser nomeada de quatro maneiras diferentes. Esta que mais utilizamos, Chag HaShavuot, significa Festa das Semanas, fazendo referência às sete semanas desde a redenção do povo no Egito até a revelação da Torá no Monte Sinai. Exatamente deste ato tem origem outro nome da festa, Chag Matan Torá, Festa do Recebimento da Torá. Os outros dois nomes estão ligados à natureza: Chag HaKatzir e Chag HaBikurim – Festa da Ceifa do Trigo e Festa das Primícias, respectivamente. Esta relação deriva do período do ano em que ocorre a festa, final da primavera, quando amadurecem os primeiros frutos, representados pelas sete espécies comuns a Israel bíblica: trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras.
São vários os significados interessantes desta festa, mas para uma escola, que tem como missão a educação das crianças e dos jovens, nos sensibiliza uma tradição conhecida como “Tikun Leil Shavuot”, que se caracteriza por uma noite de vigília e estudo da Torá. Uma das explicações para este costume se dá em razão do povo supostamente estar adormecido no dia em que Deus entregou-lhe a Torá, tornando-se esta uma atitude de reparação à grave falha. Ou seja, para se redimir do erro de estar dormindo neste momento tão importante, passamos a noite estudando a Torá.
Independente da explicação que se encontra para este costume, é admirável o estímulo ao estudo, observado em mais uma tradição. São marcas da cultura judaica que nos convocam ao humilde e desejante lugar do aprendente, de quem ignora mas está em busca do conhecimento. Como educadores de uma escola judaica ocupamos o lugar do mestre que provoca seus discípulos a nos superarem, estimulamos a paixão pelo saber e o debate como método para o desenvolvimento, não apenas intelectual, senão humano.
Está escrito na nossa antiga fonte talmúdica do Pirke Avot (Ética dos Pais) 5: 17 “Toda discussão que é feita por amor ao Céu terá um resultado duradouro; e aquela que não é feita pelo amor ao Céu, não terá um resultado duradouro. Qual é uma discussão por amor ao Céu? A discussão entre Hilel e Shamai. E qual não é por amor ao Céu? A discussão de Corach e toda sua facção.” Hillel e Shamai foram duas escolas rabínicas que debatiam calorosamente suas interpretações das fontes. Já Corach foi um dissidente do povo, durante a travessia do deserto, que tentou destituir o lugar de liderança de Moshé, por seu proveito pessoal. Nossas fontes nos apontam como devemos buscar o conhecimento eticamente, e fundamentalmente para o bem comum.
CHAG SHAVUOT SAMEACH!
Equipe de Cultura Judaica Eliezer Max