25 de fevereiro de 2021
“O povo judeu não é o povo escolhido e sim um povo que faz escolhas”
Fania Oz-Salzberger em palestra proferida para a escola Eliezer Max em 02/02/2021
Purim significa sorteios. Esta animada festa que se aproxima ressalta no próprio nome o momento em que Haman, o algoz do povo judeu, sorteou uma data para exterminá-lo – 14 de Adar, de acordo com o calendário judaico. O nome da festa parece até irônico, uma vez que a própria história nos apresenta difíceis escolhas feitas por diversos personagens, todos com posturas ativas e conscientes.
Podemos começar pela história da rainha Vashti, que, convocada pelo rei Achashverosh para ir ao banquete que fazia aos ministros para mostrar sua beleza, recusou-se. Vashti sabia, certamente, que sua escolha poderia ter consequências trágicas para si.
Seguindo a narrativa, nos deparamos com Hadassa, que escolheu trocar seu nome para Ester e omitir sua origem judaica para que tivesse a chance de se tornar Rainha do reino de Achashverosh, na Pérsia. Tempos depois, buscando evitar o massacre de seu povo, arriscando sua vida, decide revelar sua verdadeira identidade para seu rei.
A história também destaca Mordechai – aquele que criara Hadassa – e sua escolha de não se curvar ao principal ministro do rei, Haman, diferente de todos os servos que assim o reverenciavam. Essa atitude potencializa a ira de Haman, que imediatamente recorre ao rei para que validasse um decreto determinando a execução do povo judeu.
Também ao Rei Achashverosh atribuímos a importante escolha de destituir e enforcar Haman, ao ouvir Ester revelar sua identidade judaica e acusar seu principal ministro de querer exterminar os judeus. Em seguida, ele redige um edito para que os judeus pudessem se defender e atacar aqueles que tentassem destruí-los.
Percebemos que Purim é uma história de estratégias e difíceis escolhas, palavra esta que povoa a narrativa judaica e o percurso do Povo Judeu. Cada escolha tem um peso e pressupõe uma perda, abre-se mão de algo e corre-se sempre um risco. É muito mais fácil julgar determinadas escolhas quando já sabemos o final da história, mas na vida não é assim tão simples.
Entre jogos, máscaras e fantasias, Purim nos lembra que escolhemos sempre quem queremos ser, ainda que não tenhamos a capacidade de prever o futuro, mas a possibilidade de decidir em parte nosso destino.
Chag Sameach!