Mensagem de Pessach

11 de abril de 2025

O historiador judeu Yerushalmi chama atenção para a quantidade de vezes que a palavra Zachor (Lembrança) aparece no Tanach. Muitas vezes ela está relacionada à escravidão no Egito, como uma lembrança de quando fomos estrangeiros, de que já sofremos nesta condição.

Qual a razão para esta máxima que nos acompanha e se instaura como uma experiência atemporal “bechol dor vador” (de geração em geração)? Um alerta, uma advertência, para que saibamos que a condição de vulnerabilidade precisa ser tratada com cuidado, para aflorar a nossa sensibilidade, nossa humanidade.

“O que é odioso para ti, não faça a outro”, assim disse Hillel. Quantas passagens existem em nossas fontes que abrem nossos olhos ao risco de ocupar o lugar do perpetrador, do que discrimina, de incorrer em situações de violência e de infligir dor ao outro.

Precisamos evitar a dualidade moral, de endeusar ou demonizar as pessoas – nossas fontes trazem a dimensão complexa da humanidade, de que cada sujeito tem uma inclinação boa e outra má.

Em Pessach temos a oportunidade de nos perceber nestes dois lugares, do que sofreu discriminação e do que cometeu atos discriminatórios. Seja consciente ou inconsciente, é preciso estar atento e sensível ao outro e ao mundo em que vivemos, ser capaz de olhar criticamente para a realidade e assumir posições que nos aproximem do cuidado e do acolhimento.

Ninguém é livre sozinho, vivemos em sociedade e dependemos uns dos outros para atravessar as estreitezas da vida.

Chag Pessach Sameach!