10 de março de 2020
Em 2020, o Eliezer Max está comemorando Purim, uma história de grandes mulheres, tomando como exemplo, principalmente, Ester e Vashti, as duas rainhas desta história. A primeira é a personagem principal, aquela que dá nome ao livro (Meguilat Ester), uma rara história do Tanach cujo nome é dedicado a uma mulher. Vashti, embora secundária, é personagem central de todo o primeiro capítulo e sua narrativa é extremamente importante para o desenrolar da história.
A história de Purim poderia começar falando de um reino sem rainha, mas não é o caso. Começa contando a história de como a rainha perdeu o trono. E o motivo foi a insubordinação às vontades do rei, após este pedir para que ela viesse ao banquete que oferecia para seus convidados, com a intenção de mostrar sua beleza. Vashti se recusa, não se submete mesmo diante de tão elevado risco. Um ato de insubordinação. Paga caro. Até onde o Tanach conta, perde a coroa e é banida. Sua história é usada como exemplo para todo o reinado. E aí começa a história de Ester.
Personagem complexa, cujas atitudes se modificam ao longo da história, Ester é apresentada como Hadassa, uma mulher com dois nomes, que se candidata a rainha, inicialmente com uma postura oposta a de Vashti, disposta a ser aquilo que o rei desejava. Esconde a identidade, seguindo sugestão de Mordechai, quem a criou, e alcança sucesso, é escolhida rainha. A história muda quando Haman persegue os judeus e conclama o dia do extermínio deste povo. A crise instalada faz surgir outra Ester, corajosa e determinada, estratégica e perspicaz. Arrisca o trono e sua vida, tal como Vashti. Chama o rei para falar e organiza um banquete – costume persa – para denunciar Haman e dizer-se alvo deste, após assumir-se judia. Mais uma vez Ester obtém sucesso. Não se sabe se devido ao encantamento inicial do rei Achashverosh, ou qualquer outro motivo – sua gratidão a Mordechai -, mas o povo judeu é salvo por causa do atrevimento de Ester, que não respeita os códigos e se arrisca a falar com o rei.
Ester aprendeu com Vashti? Agiu dessa forma apenas por pressão? Se tornou outra pessoa diante das situações que a vida impôs? São possíveis leituras. Nossa escola entende a relevância desta história para discutir o lugar da mulher no judaísmo e na nossa sociedade atual, onde a mulher busca, cada vez mais, conquistar seus direitos e um lugar de igualdade, em todos os âmbitos da vida. Também por isso, estaremos recebendo esta semana a exposição “Pioneiras da Ciência no Brasil”, que fala sobre o protagonismo da mulher na sociedade brasileira.
Purim também é a história da diáspora, onde aprendemos a lidar com os desafios de viver sob o governo de outro povo, seja para saber lidar com o preconceito e o risco iminente, seja para aprender a fazer banquete como os persas. Levamos disso o delicioso mishloach manot (troca de guloseimas) e o compromisso de Matanot Laevionim (presente aos pobres), outros ensinamentos deste chag.
Chag Purim Sameach!