28 de abril de 2021
Lag Baomer é um Chag que traz diferentes conotações. Seu nome se refere ao 33° dia da contagem do Omer, que é o período de sete semanas entre Pessach e Shavuot.
Trata-se de um dia alegre, por duas razões principais: foi o dia em que se interrompeu uma praga que acometeu milhares de alunos de Rabi Akiva, um dos maiores sábios da tradição judaica, e o dia da morte de Rabi Shimon Bar Yochai, referência do misticismo judaico. Dois fatos estranhos de serem comemorados, uma vez que estão associados a perdas. Mas se por um lado podemos compreender, hoje principalmente, o quanto o fim de uma praga traz alívio e motivos para comemorar, por outro podemos entender Bar Yochai quando disse que sua morte deveria ser motivo de festa e não de lamento, para que nos lembrássemos de seus ensinamentos e obra com alegria, com celebração.
Estes dois grandes sábios, figuras centrais da festa, viveram em um dos períodos mais conturbados da história judaica, quando o 2º Templo havia sido destruído, Jerusalém ocupada pelos romanos e os judeus eram perseguidos por manifestarem sua cultura e religião. Esta tragédia, no entanto, abriu a possibilidade para transformações profundas na vida judaica, em todos os aspectos, seja cultural, político, religioso ou social. Certamente muito mais próximo ao nosso modelo de vida atual. A ausência do templo e a perda de Jerusalém levou ao fim do sacerdócio, bem como das práticas de sacrifícios de animais. As sinagogas floresceram, as rezas e o estudo ganharam importância, e a Torá se tornou central, tendo o Rabino, o sábio, como maior referência.
Rabi Akiva aprendeu a ler e escrever aos 40 anos de idade e passou 24 anos estudando a Torá. Shimon Bar Yochai estudou com seus discípulos escondidos numa caverna por causa das proibições do Imperador Romano. Os dois sábios se tornaram referências para o pensamento judaico. As histórias de ambos nos servem de lição e inspiração para seguirmos ensinando e aprendendo, independente de idade, espaço ou qualquer obstáculo. Mesmo diante de um período desafiador, colocamos a responsabilidade com o próximo e o compromisso com a aprendizagem como prioridade, adaptando condições, criando novas ferramentas e promovendo diferentes encontros. Com o dever de cuidarmos uns dos outros e seguirmos ampliando nosso conhecimento.
Em seus ensinamentos, Rabi Akiva cita uma passagem da Torá, como o mais importante preceito: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Levítico 19:18
Chag Sameach!